Apesar de se procurar relações estáveis e duradoras muitas pessoas não encontram a relação bem-sucedida. Quando ocorre a rutura de um relacionamento surgem sentimentos e comportamentos que nos ajudam a lidar com o acontecimento doloroso, tais como o choque e negação. Manifestações que procuram aliviar sentimentos stressantes de dor. As respostas de significações da perda podem ser gradualmente sentidas como ondas que vão e vêm. Um reconhecimento do que foi perdido é evocativo de outros sentimentos que procuram lidar com essa mesma perda e posteriormente proteção contra perdas futuras.
Associados à dor interna e emocional é comum desenvolver também sintomas somáticos, como dores de cabeça, falta de ar, ansiedade, problemas ao nível do sono, problemas intestinais, entre outros. Podem ocorrer respostas mais reativas que tendem a acalmar as emoções profundas de dor, como beber álcool em excesso, impulsividade acompanhada de raiva, ver tv ao longo de muitas horas, comer muito num curto espaço de tempo, muita energia gasta com o trabalho, entre outros.
Quando se passa pela dor da tristeza e solidão estamos compreensivelmente menos dispostos a arriscar. Uma compreensivelmente cautela, menos dispostos a arriscar a incerteza leva a respostas automáticas que nos procuram proteger de nos aproximarmos de sentimentos dolorosos, consequentes de eventuais ruturas de futuros relacionamentos. O que pode ser também um poderoso prejuízo para os relacionamentos bem-sucedidos. Uma atitude hiper-vigilante de bloqueio, muitas vezes sem uma explicação objetiva e, que nos leva a criar barreiras protetoras de nós mesmos.
Com o fim de um relacionamento amoroso para além de sentimentos de perda poderem estar muito presentes, ao mesmo tempo surgem sentimentos e pensamentos que procuram focar-se no futuro, o que se torna perfeitamente natural a oscilação e movimento nestas duas experiências.
À medida que vamos melhorando o nosso relacionamento interno vamos lidando melhor com a perda, num caminho de reconexão sem ficar fusionado, incapacitado e preso. A nossa disponibilidade para com os sentimentos de dor, reconhecendo o quanto falta fazia o que foi perdido, abre portas a uma maior confiança e reflexão acerca da perda no momento que sentirmos mais apropriado. Pelo que a reflexão terá de ocorrer de forma que os sentimentos de dor se sintam atendidos e não ignorados ou postos de lado.
Estar preparado para acontecimentos do dia-a-dia que lhe lembram quem ou o que perdeu da sua vida é essencial. Tendo em consideração as emoções que surgem, quer seja numa data importante de aniversário, períodos de férias, celebrações em família ou com amigos, ou até uma música que era importante para ambos.
Por vezes quando não se consegue lidar com a perda e a nossa gestão tende a perder a capacidade de funcionalidade, recorrer à ajuda de um profissional que não tenha qualquer lidação com o perdido pode ajudar na cura da ferida da dor. Ferida que precisa de ser cicatrizada de forma a dar continuidade à caminhada da vida.
Reinaldo Diniz