Perturbação Alimentar, uma resposta a um conjunto de emoções profundas e difíceis, que precisam de ser compreendidas para que se perceba o papel da PA na vida da pessoa. Com curiosidade e conexão, ajudando o sistema interno, compreendendo-o e, procurar alcançar a transformação interna para que o PA pare de fazer o que faz sem que seja pela força.

Do contacto regular com pacientes passei a usar uma analogia evocativa, em que:

“Ter uma Perturbação Alimentar é como ser um passageiro num velho e frágil avião cheio de pessoas.

Algumas dessas pessoas estão chateadas, outras a chorar, e outras com medo e em pânico.

O avião está a passar por uma terrível tempestade, com noite cerrada e com muita turbulência.

Sentir isto tudo no seu corpo…

Depois olha para o cockpit do avião e percebe que não existe ninguém a pilotá-lo! Não há Self a pilotar o avião. Contudo, de alguma maneira, consegue passar pela tempestade, mas logo mais à frente tem outra tempestade e não tem a certeza de que vai conseguir.

Tem de se “agarrar” a algo, a algo que lhe permita seguir, qualquer coisa – e é aqui que surge a Perturbação Alimentar.

“Então o que faria?”

No geral, as pessoas tendem a responder que iriam tentar pilotar o avião, assim, podia tentar manobrá-lo e passo a passo procurar direcioná-lo para céu limpo, contactar a torre de controlo, acalmar os passageiros, ou seja, uma decisão de cada vez.

É exatamente isto que eu ajudo os meus pacientes a fazerem.

Como se percebeu até ao momento não fiz qualquer menção ao peso, comida, comer ou até imagem corporal.

As Perturbações Alimentares, sejam anorexia, bulimia ou binge, tendem a girar em torno do conceito de comida e peso. No entanto, as Perturbações Alimentares acabam por ser um subconjunto de perturbação de ansiedade. A ansiedade pode ser universal, mas todos lidamos e processamos a ansiedade de forma diferente. Os comportamentos e sintomas da Perturbação Alimentar são uma tentativa de acalmar o corpo, a mente e o espírito.

Pode soar como uma afirmação imprudente, será fácil pensar que as PA estão relacionadas apenas com alimentos, peso e repulsa corporal.

Gostaria de incentivar a considerar que esta perturbação é muito mais complexa do que simplesmente não poder resistir a certos alimentos, não ter força de vontade ou controlar ao detalhe o que come.
Do lado de fora as PA podem não parecer sensatas, mas para aqueles que sofrem há uma “lógica interna”. Apesar das dificuldades causadas pode ser difícil para alguém libertar-se, na medida em que a intensão da PA será proteger algum sentimento profundo que não pode ser re-experienciado e que em certa medida tem uma série de protectores ao serviço.

​Reinaldo Diniz

Trata-se de um tópico extremamente importante quando se fala de Perturbações Alimentares – PA. Nos dias de hoje percebe-se um esforço positivo dos media, em questões de moda, revistas, publicidade ou outros, a serem mais abrangentes e abertos no que se refere a diferentes tipos de corpos. No entanto, quanto a este especto, importa sublinhar que pouco ou nada estará intimamente relacionado com PA.

A vítimas de PA é frequentemente recomendado que utilizem a Mindfulness como ajuda na melhoria da perceção da imagem corporal, trabalhar ativamente na auto-aceitação, perceber quais os pensamentos negativos acerca do corpo e finalmente “libertá-los” e pensar de forma positiva.

Se fosse assim tão fácil certamente não se teria tantas pessoas a sofrer desta tão árdua problemática. Tratar-se-ia apenas de um trabalho superficial, uma vez que é muito difícil e se não mesmo impossível, que uma pessoa com um PA consiga pensar de forma mais positiva acerca do seu corpo. Procurar o Mindfulness e pensar positivamente em relação ao corpo quando o odeia, poderia resultar no aumento da frustração e irritação tendo em conta que o foco continuaria a estar direcionado ao corpo, deixando de parte todos os outros componentes que em conjunto se apresentam sob a forma de PA.

O foco nos componentes a nível interno nas diferentes partes e suas funções, desvia a atenção do exterior promovendo a curiosidade e crescimento ao nível emocional, desta forma estará aberto caminho para alcançar o amor-próprio.

​Reinaldo Diniz

Apesar de podermos tentar caracterizar fisicamente o humor, muitas vezes o que vemos no outro, não explica as suas dificuldades ao nível interno. Podemos observar alguém que apresente características relativas ao bom humor, no entanto internamente o sentimento pode ser totalmente o oposto.

O humor é difícil de medir, difícil de perceber e até difícil de definir. Ao nível do bom humor, embora muitas vezes iluda a definição exata é, até para o mais distraído dos observadores: cabeça levantada, sorriso facial, energia positiva, ombros direitos, passo leve e tranquilo. No que concerne ao baixo humor: cabeça baixa, características faciais caem tal como a cabeça, energia é baixa e ausência de brilho no olhar.

“…Desde que começou a psicoterapia, o humor dela tem piorado. Chora com frequência, sente culpa, diz que nos odeia. Esta não é a filha que eu conheço…”

É muito natural que se questione e considere que se calhar o tratamento não corre bem, certo?

Acontece, porém, que na recuperação de Perturbações Alimentares o humor poderá não ser um indicador de eficácia do tratamento. A restauração de peso mais bem-sucedida é, por exemplo, acompanhada do mais sombrio humor. A maioria (mas não todas) das jovens com anorexia nervosa referem ter medo de ficar bem. Podem querer, desde que não implique o ganho de peso.
Se por um lado, perder peso promove algum tipo de satisfação a alguma parte interna do sistema, por outro, o ganhar peso é assustador. Então, quando uma vítima de anorexia nervosa excuta algum tipo de ação com o intuito de perder peso, pode promover prazer a alguma parte interna do sistema. E, no entanto, é horrível. Quando é necessária a restauração de peso, pode estar triste, conflituosa, deprimida. E, no entanto, é bom.

Ouvi muitas vezes, relatos de pais, que descrevem o quanto difícil é um simples passeio quando uma jovem está em tratamento. O pânico, o desespero e a agressividade vinda de uma pessoa que sempre foi dócil, carinhosa e gentil.
Tarefa nada fácil observar que o filho ou filha estão com dor. Além do desespero, impotência e frustração, para os pais, os sentimentos de dor também estão naturalmente

A quem atribuímos a culpa? À doença.

Inevitável trazer a atenção para factos, pensamentos e sentimentos, mas nenhum deles é tão poderoso como estar presente no que é importante com amor incondicional e aceitação.

A anorexia nervosa é caracterizada por:

​– Recusa em manter um peso corporal igual ou superior ao minimamente normal para a idade e altura

– Medo intenso de ganhar peso ou de engordar, mesmo quando o peso é insuficiente.

– Perturbação na apreciação do peso e forma corporal

– Nas jovens, ausência de pelo menos 3 ciclos menstruais consecutivos.

Tipo restritivo: não recorre regularmente à ingestão compulsiva de alimentos nem purgantes (vómito, abuso de laxantes, diuréticos e enemas).

​Tipo Ingestão Compulsiva/ Tipo Purgativa: Tem comportamentos bulímicos ou purgativos (vómito, abuso de laxantes, diuréticos e enemas).

​Muitas pessoas com anorexia nervosa vêem-se com excesso de peso, mesmo quando estão claramente abaixo do peso. Comer, alimentação e controle de peso tornam-se obsessões. As pessoas com anorexia nervosa normalmente pesam-se repetidamente, pesam a comida e comem quantidades muito pequenas de apenas certos alimentos. Algumas pessoas com anorexia nervosa também podem envolver-se na compulsão alimentar, seguido de dieta extrema, exercício excessivo, vómitos auto-induzidos e / ou mau uso de laxantes, diuréticos ou enemas. Algumas pessoas que desenvolveram anorexia nervosa recuperam com tratamento após apenas um episódio. Outros se recuperam, mas têm recaídas. Ainda outros têm uma forma de anorexia nervosa mais crónica ou duradoura, na qual o seu estado de saúde fica em risco.

 

Outros sintomas que se podem desenvolver ao longo do tempo, incluindo:

– Diminuição da densidade mineral dos ossos (osteopenia ou osteoporose)
– Cabelo e unhas frágeis
– Pele seca e amarelada
– Crescimento de cabelos finos em todo o corpo (lanugo)
– Anemia, perda muscular e fraqueza
– Pressão sanguínea baixa, respiração e pulso mais lentos
– Dano à estrutura e função do coração
– Falha multiorgânica
– Baixa temperatura interna do corpo, fazendo com que uma pessoa fique fria o tempo todo
– Lentidão, ou sentir-se cansado o tempo todo
– Infertilidade.

Quais são os diferentes tipos de Perturbações Alimentares?

– Anorexia Nervosa

– Bulimia Nervosa

– Compulsão Alimentar

O contacto com pacientes tem revelado o quanto frustradas se sentem, o desconhecimento dos profissionais acerca de como é vivida a doença internamente condiciona muito a melhor abordagem no tratamento.

Verifiquei na internet algumas sugestões de profissionais, de como poderá um paciente com PA não pensar tanto em comida. “Se por acaso passar próximo de um restaurante com cheiro agradável a comida deve mastigar uma pastilha, desta forma a comida não será um gatilho”.

Um outro comentário sugeria que “pergunte a si próprio se realmente tem fome”, o que certamente não evitaria que deixasse de pensar na comida. Outra sugestão recomendava não deixar comida à vista, escondendo-a.

Este tipo de informação/sugestão sugere um real desconhecimento do que envolve uma PA, causando enorme frustração na pessoa que sofre da doença.

Reinaldo Diniz

Um transtorno alimentar é uma doença que causa sérios distúrbios à sua dieta diária, como comer quantidades extremamente pequenas de alimentos ou excessos excessivos ou compulsão alimentar.

Uma pessoa com um transtorno alimentar pode ter começado apenas por comer quantidades menores ou maiores de alimentos, mas passado algum momento, o desejo de comer menos ou mais acaba por ficar fora de controlo.

O grave sofrimento ou a preocupação obsessiva sobre o peso ou a forma do corpo também podem caracterizar um distúrbio alimentar.

Os transtornos alimentares frequentemente aparecem durante a adolescência ou a idade adulta jovem, mas também se pode desenvolver durante a infância ou mais tarde na vida. Os transtornos alimentares afetam homens e mulheres, apesar da maior prevalência associada ao sexo feminino.

Comer Emocional

Se sofre com o consumo emocional, você não está sozinho. Muitas pessoas lutam com episódios frequentes de excesso de comida. Desenvolvem sentimentos de frustração, esforçam-se e falham novamente. Por que é que isso acontece?

Desde tenra idade que aprendemos que comer é agradável e calmante. Nos feriados e ocasiões especiais, comemoramos com doces e comidas especiais. Apreciamos que a comida significa conforto e diversão. No entanto, comer pode tornar-se numa estratégia de ajudar a nos sentir-mos melhor, mesmo quando estamos sem fome.

Não há nada de errado em desfrutar de uma refeição ou recompensar-se com a sua comida favorita de vez em quando. No entanto, quando o alimento se torna no seu mecanismo calmante de escolha, acaba por desenvolver um círculo vicioso. Uma vez que comer pode adormecer suas emoções negativas, pode nem estar ciente dos gatilhos que o levam a comer emocionalmente. O que sentiu bem no momento acaba por deixá-lo com sentimentos de culpa mais tarde. Acredita que deve querer sabotar-se ativamente. Essa auto-fala negativa aumentará a sua necessidade de comer emocionalmente enquanto tenta adormecer e adormecer suas emoções negativas.

Existe a necessidade de querer sair desse ciclo negativo de alimentação emocional. Ao ganhar confiança em abordar as suas emoções diretamente, poderá aprender a comer com alegria e sem culpa.

Quais são os diferentes tipos de perturbações alimentares?

– Anorexia Nervosa

– Bulimia Nervosa

– Compulsão Alimentar

A bulimia nervosa é caracterizada por episódios recorrentes e frequentes de comer quantidades invulgarmente grandes de alimentos e sentir uma falta de controlo sobre esses mesmos episódios. Esta compulsão alimentar é seguida por um comportamento que compensa o excesso de comer, como vómitos forçados, uso excessivo de laxantes ou diuréticos, jejum, exercício excessivo ou uma combinação desses comportamentos.
Ao contrário da anorexia nervosa, as pessoas com bulimia nervosa geralmente mantêm o que é considerado um peso saudável ou normal, enquanto alguns são ligeiramente acima do peso. Como pessoas com anorexia nervosa, muitas vezes temem ganhar peso, querem desesperadamente perder peso e estão intensamente descontentes com o tamanho e a forma do corpo. Normalmente, o comportamento bulímico é feito secretamente porque muitas vezes é acompanhado por sentimentos de desgosto ou vergonha. O ciclo de compulsão alimentar e de purga ocorre em qualquer lugar, várias vezes por semana, muitas vezes ao dia.

Outros sintomas incluem:
– Dor de garganta crónica e inflamada
– Glândulas salivares inchadas na região do pescoço e da mandíbula
– Esmalte de dentes gastos, dentes cada vez mais sensíveis e em decomposição como resultado da exposição ao ácido do estômago
– Transtorno do refluxo ácido e outros problemas gastrointestinais
– Desconforto intestinal e irritação do abuso de laxantes
– Desidratação grave da purga de fluidos
– Desequilíbrio de eletrólitos (níveis muito baixos ou muito elevados de sódio, cálcio, potássio e outros minerais) que podem levar ao ataque cardíaco.

Quais são os diferentes tipos de Perturbações Alimentares?

– Anorexia Nervosa

– Bulimia Nervosa

– Compulsão Alimentar

Com a compulsão alimentar, uma pessoa perde o controlo sobre a alimentação. Ao contrário da bulimia nervosa, os períodos de compulsão alimentar não são seguidos por purga, exercício excessivo ou jejum. Como resultado, as pessoas com distúrbios compulsivos geralmente são excesso de peso ou obesas. Pessoas com transtorno alimentar compulsivo que são obesos correm maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares e pressão alta. Promove sentimentos de culpa, vergonha e angústia sobre sua compulsão alimentar, o que pode levar a uma maior compulsão alimentar.

​O que fazer se o seu relacionamento com comida parecer incontrolável ou excessivo?

​Os transtornos alimentares são doenças bem reais e tratáveis ​​e frequentemente coexistem com outras dificuldades, como depressão, ansiedade e stress, baixa autoestima, uso indevido de substâncias e outros comportamentos auto-prejudiciais.
Os tratamentos mais pesquisados ​​para distúrbios alimentares são baseados em procedimentos cognitivo-comportamentais, no entanto, muitas pessoas não respondem bem aos tratamentos cognitivo-comportamentais sozinhos.
As abordagens que incorporam a prática de atenção plena, com o objetivo de aumentar o bem-estar psicológico geral e auto-regulação fisiológica e emocional, são particularmente adequadas para aqueles que estão nessa luta com os distúrbios alimentares.

Fazer escolhas sobre o quê e, como comemos, é uma parte tão presente da vida diária.
Uma abordagem baseada na atenção estimula a capacidade de simplesmente observar sentimentos, comportamentos e experiências sem julgamento, e com tempo, paciência e compromisso com seu próprio bem-estar, permitir o desenvolvimento de uma relação mais sábia e mais equilibrada, você, corpo e comida.

Quais são os diferentes tipos de Perturbações Alimentares?

– Anorexia Nervosa

– Bulimia Nervosa

– Compulsão Alimentar