Filho ao Psicólogo?!!

O trabalho psicoterapêutico tem o objetivo de prevenir problemas familiares ou reduzir possíveis dificuldades já instaladas na criança.

.De forma geral, os pais ou professores solicitam a Psicoterapia Infantil quando identificam na criança algum comportamento constante e não usual que os preocupam. O bater, morder, chutar ou empurrar as pessoas as quais se relacionam, destruir objetos, roubar ou mentir de forma excessiva. Também chama a atenção dos pais a criança quieta, tímida, triste e com dificuldade de fazer amigos. As crianças que desobedecem, adoecem com frequência ou apresentam dificuldade de concentração e aprendizagem também podem ser beneficiadas pela Psicoterapia Infantil.

Durante a prática clínica com crianças e adolescentes, percebemos a importância do envolvimento dos pais e/ou responsáveis, para a efetividade do processo psicoterapêutico. Em virtude de não raramente, o sintoma apresentado pela criança ser consequência de problemas do ambiente familiar. Questões referentes à falta de manejo com crianças, à falta de informação, de limites e principalmente as expectativas irreais dos pais em relação ao comportamento de seus filhos, são muito frequentes. Dessa forma, percebe-se a importância de trabalhar o envolvimento dos pais no processo, visto que os problemas de relacionamento entre pais e filhos interferem não apenas na apresentação, como também na manutenção do sofrimento afetivo e na performance comportamental da criança.

A criança não é apenas um mero produto do meio em que ela vive, mas, antes de tudo, um ser único com características próprias de personalidade e que absorve as experiências das formas mais variadas, principalmente através dos modelos parentais. Isto explica porque irmãos, criados no mesmo ambiente, podem senti-lo de forma diferente “absorvendo” as imagens parentais de acordo com sua percepção de mundo. Cada qual receberá influências externas que irão complementar a sua maneira de ver e sentir o mundo.

É importante esclarecer que o papel do Psicólogo não é o de acusar os pais ou a criança e, nem tão pouco, interferir na maneira que eles educam seus filhos ou conduzem suas vidas, mas sim ajudá-los a ter consciência da interferência do seus comportamentos no problema apresentado, ajudando-os a encontrar alternativas mais eficazes para saná-los.

Por outras palavras, não compete ao profissional dizer aos pais “- faça isto ou aquilo, que provavelmente obterá o resultado X”, mas sim conduzi-los a um estado de reflexão, verificando como o comportamento de cada membro da família está a contribuir para o agravamento do problema. Muitas vezes, a criança é apenas um fruto desta dinâmica. Basta ajustarmos algumas peças para que ela se enquadre no novo modelo.

Enquanto nos sentimos culpados acreditando que estamos a ser castigados, deixamos de aprender com as experiências e, de termos uma nova oportunidade de reajustarmos tudo aquilo que não vai bem.