Terapia Sistemas Internos
Ao longo da nossa história de vida desenvolvemos muitas e diferenciadas crenças acerca de nós mesmos e do mundo que nos rodeia com base nas interações e experiencias pelas quais passamos. Apesar de muitas das crenças nos ajudarem no momento em que as desenvolvemos, com o tempo, também nos podem condicionar nas tentativas de ser feliz.
A Terapia de Sistemas Internos – IFS é um modelo de terapia não patologizadora, que trabalha com pensamentos, sentimentos e emoções variáveis, difíceis e muitas vezes polarizadas. Quantas vezes surge “…eu não estava em mim…”, “…eu não era assim…”,ou “…deixei de ser quem era…”.O nosso “EU”, aquele muitas vezes referido como o “meu verdadeiro EU”, na perspetiva da IFS é um ser calmo, criativo, conectado, confiante, compassivo, claro, corajoso e curioso. Difícil de sentir e muitas vezes inacessível o EU está presente, e as nossas emoções vão variando ao longo da história de vida de cada um. Em suma é quem nós verdadeiramente somos.
Todos temos partes da nossa personalidade. A maioria de nós tem partes que são ótimas para nos manter seguros e tentam manter o controlo de ambos os nossos mundos externo e interno. Temos partes da nossa personalidade que quando sobrecarregadas de experiencias e traumas passados nos fazem sentir tudo menos as diferentes qualidades do Eu. Sentimentos de raiva, culpa, vergonha, solidão, insónias, compulsões, obsessões, adições etc. Todas estas e outras partes do sistema interno interagem entre elas e em simultâneo interagimos com o nosso EU. Para a maioria de nós esta comunicação e interação interna ocorre de forma inconsciente sem que se pense acerca disso.
Uma parte mais crítica pode julgar a forma como nos vestimos, levarnos a pensar o que se precisa de fazer para causar uma boa impressão ou cuidar dos outros para garantir a segurança ou a conexão, por exemplo. Mas internamente as qualidades do EU não se refletem nesses sentimentos emoções e pensamentos.
Quando crescemos em circunstâncias onde experimentamos trauma ou experiencias de dor e sofrimento estas partes assumem comportamentos e crenças de extrema protecção, emoções que procuram assegurar-nos de que não vamos passar por sentimentos de vulnerabilidade e dor de novo. Muitas vezes partes congeladas no tempo e, que condicionam assim, a forma como cada um de nós vive a vida.
Embora durante a terapia com IFS estejamos a lidar com problemas particulares ou emoções de uma pessoa que procura por mudanças internas, cada sessão traz mais “efeitos colaterais” positivos e de equilíbrio emocional. Quando aprendemos a ouvir partes de nossa personalidade com abertura e compaixão (sem julgar ou tentar mudá-las), o nosso relacionamento connosco muda. Adquirimos a capacidade de nos “separarmos” de nossas emoções e observá-las com curiosidade e aceitação. Experimentamos uma maior harmonia interior e alcançamos uma maior estabilidade emocional.
Para começar a terapia, poderia até ser pela parte que o trouxe à terapia e ouvir a sua história.
Reinaldo Diniz